O que realmente te faz bem?
Conheça e inspire-se na história de Beatriz Pinhal, que tomou coragem e descobriu o que a fazia feliz
Conheça e inspire-se na história de Beatriz Pinhal, que tomou coragem e descobriu o que a fazia feliz
Siga seu coração. A maioria das mulheres já ouviu essa frase em algum momento da vida - na hora de escolher a faculdade, quando o relacionamento não ia bem ou quando sentiu que era hora de mudar de carreira. Mas encarar sua intuição e ir em busca de equilíbrio, paz e, muitas vezes, a verdadeira felicidade, nem sempre é fácil.
Para Beatriz Pinhal, 33 anos, o desafio era ainda maior, porque seguir sua intuição significava abrir mão de uma estabilidade desejada pela maioria dos brasileiros. “Logo que me formei, ainda procurando estágio na área, surgiu a oportunidade de participar de um processo seletivo em um banco. Deu certo! Lá eu fiz de tudo, comecei como pré-atendente, passei pelo caixa, virei gerente assistente e depois gerente de grandes contas. Só que eu queria mais, e fui buscando melhores oportunidades, sempre pensando em dinheiro”, conta.
A dúvida começou a surgir quando ela parou para analisar o que realmente estava fazendo. “Eu fui atrás do dinheiro, só que chegou num momento que a questão não era mais essa. Eu não tinha pique para estudar outras coisas, porque eu sempre estava focada em entregar os objetivos propostos pelo banco . Eu trilhei uma trajetória bem vencedora em todos os bancos que passei, só que quanto mais eu era promovida, mais eu trabalhava, fazia mais do mesmo e me sentia estagnada, sem tempo para viver de verdade”, conta.
Neste momento, Beatriz já sentia que queria outra coisa, apesar da mudança parecer sem sentido. “Foi pelo meu trabalho que viajei para muitos países, tive minha independência financeira cedo e a minha casa própria antes dos 30 anos. Era difícil assumir que eu estava infeliz, mas a verdade é que eu ganhei dinheiro, mas perdi muita coisa”, explica. E mesmo quando assumiu que queria mudar, foi difícil tomar coragem. “As pessoas me diziam que, se eu largasse o banco, não conseguiria nada melhor. Eu me deixei ser consumida pelo medo. Sair da zona de conforto dá medo”. E lembra: “Foi preciso um baque dos grandes para me fazer acordar”. Em março de 2017, Beatriz foi demitida e ficou sem chão - e com muitas contas para pagar. Mas, em vez de procurar emprego novamente, ela resolveu que era hora de seguir o coração e mudar de vida.
Seria mentira dizer que foi uma decisão fácil. “Antes de tomar minha decisão eu passei por momentos de pânico. Atualizei meu currículo e sai falando com todo mundo que conhecia. Mas, como qualquer pessoa que perde o emprego, tive dias vazios. E foi ai que decidi acalmar a mente e comecei a pensar mais em mim. Usei meu tempo livre para fazer exercícios físicos, caminhar, conversar com pessoas que me faziam bem e há tempos eu não via, ficar com a minha família. Comecei a enxergar o que fazia tempo que eu não via, a Bia fora do banco, a Bia fazendo o que realmente gostava. Acho que foram esses dias que me fizeram ter coragem, me fizeram parar e escutar minha intuição, minhas reais vontades”.
Em 2017 Beatriz encarava, além da demissão, um sério problema familiar. “Meu pai tem Alzheimer e, na época, a doença tinha avançado bastante. O tempo livre que consegui para ficar com ele, me mostrou que antes eu estava perdendo momentos preciosos. Encarei esse fato como mais um sinal e entendi que precisava participar mais da vida dele, aproveitar mais os momentos, retribuir tudo que ele já tinha feito por mim. Foi meu coração que falou mais alto dessa vez”, conta.
Mas, neste momento, já sentindo que era capaz de qualquer coisa, ela foi além e resolveu voltar a estudar. “Na época eu já tinha entendido que se a gente começar com uma mudança pequenininha vem um monte de coisa legal como consequência. Quando a gente toma coragem de mudar, começamos a prestar mais atenção na gente e entendemos o que realmente queremos”, explica.
Com mais um empurrãozinho, dessa vez da mãe, Beatriz foi atrás de uma bolsa de estudos e, atualmente, está cursando o segundo ano de engenharia. “Trouxe para minha rotina o que mais amava no banco, desvendar números. Agora estimulo minha mente diariamente, consigo cuidar do meu pai, ajudo minha mãe e cuido das finanças de toda a família, além, claro, continuar cozinhando”, conta.
Quando entendemos que somos capazes de qualquer coisa, fica mais fácil escutar nossa intuição. Com a autoestima renovada e os medos da autocrítica deixados de lado, crescemos e evoluímos. Para Beatriz, apesar de difíceis, as mudanças foram fundamentais para construir quem ela é hoje.
“Hoje eu tenho uma leveza constante, uma paz de espírito e sou muito mais feliz. Estou sempre perto da minha família, acompanho meu pai em todos os momentos importantes, namoro um cara incrível que me apoia em tudo e, claro, já estou correndo atrás de meu novo projeto que é terminar a faculdade de engenharia no Canadá e abrir minha própria fábrica de doces brasileiros no exterior”. Há dois anos eu vi que estava fazendo tudo errado, mas tive tempo de corrigir meus erros. Sobrevivi, persisti e hoje tenho certeza que vou conquistar tudo que eu mereço”, finaliza.